A mais colorida das festas profanas do Círio de Nazaré está se deixando cobrir com o manto da Zona Sonora! A Chiquita, festa conceitual, que acontece à 33 anos. Com um público seleto e fiel, é uma das festas que vieram para romper preconceitos no nosso estado. O paradoxo entre a transladação da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré passeando pela presidente Vargas e o palco armado, perto do Da Paz, com os seus participantes caracterizados vai além dos olhos e ouvidos, e tudo com uma elegância imponente. A festa profana onde em um mesmo local uni a cultura popular tradicional com o grupo de carimbó Borboletas do mar e o universo urbano GLS com drags, transformistas e afins. É também palco da premiação do “Veado de Ouro” que homenageia personalidades da nossa cidade por trabalhos e prol do bem cultural, social, econômico, político... Por todos esses elementos se torna uma manifestação única em todo o Brasil.
Mas há alguns anos a festa vem sofrendo transformações. Ela esta se deixando colocar nas bordas de seu lindo manto multicolor rendas de uma produto mercantilista que há alguns anos vem desfigurando festas tradicionais no interior do Pará. Tudo esta acontecendo devagar e lentamente. As barracas que acercam a folgança GLS, mais precisamente do lado da praça da republica, não estão respeitando a programação do Palco da Chiquita e principal motivo delas estarem lá ao seu lado. Vem aos poucos adicionando equipamentos sonoros de pequeno porte (se é que podemos chamar de pequeno porte aquelas que ultrapassam os decibéis permitidos pela lei municipal), que poluem o Som do palco, criando um misto de sons indecifráveis e desagradáveis. E tudo em nome da venda de bebidas alcoolicas, o serviço mais medíocre que a arte pode exercer. A música-meretriz, servindo aos prazeres do comercio e do dinheiro. Nada contra a bebida apenas contra essas atitudes vazias de tentar vende-la.
Estamos aqui alertando a todos que são apaixonados, por tudo que se matem tradicional na nossa cidade e principalmente aos organizadores da festa que trás um conceito cultural de folguedos feitos com amor a arte e que não nasceu em função da plata. Que solidarizem com essas palavras e façam votos para que não cresça esse pequeno vírus que esta se instalando na festa da Chiquita. Para que no futuro, a festa mais underground do Círio não venha se tornar apenas mais um das muitas festas de aparelhagens que se tem aqui no nosso estado, onde o objetivo maior e único é vender bebidas e só, não se pode fazer mais nada, nem dançar se dança mais, e o diálogo é inviável pois o som é alto de mais! Pois daí pra chegar ao andor de Nossa Senhora de Nazaré será uma questão de tempo e vocês terão a visão surreal da mãe dos paraenses no andor, em vez de esta segurando o menino Deus estará segurando um copo de cerveja e fazendo o “N” e os romeiros gritando: “Naaaza, vai,vai, vai”!
Tradição não é viver do passado e sim manter se independente as modinhas e mercantilidades do Mundo consumista.
banjo LoKo
Foto : Chiquita UFPA
Nossa S. Nazaré
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